segunda-feira, 3 de julho de 2017

Fitema possuía projeto para ser maior indústria de tecelagem do Nordeste




A história da Fitema em Mossoró - cujo prédio central abriga há anos a direção administrativa do jornal Gazeta do Oeste - está atrelada à história de vida e o esforço do administrador Enéas Negreiros. Ele buscou na vontade de desenvolver as potencialidades da região um projeto de construção de uma fábrica de tecelagem inspirado num projeto já existente de Almino Gouveia, de Alagoas.
A Fitema foi fundada em 1948 e no mesmo período a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) foi criada. Uma das iniciativas da Sudene foi baixar uma resolução de que todas as empresas que quisessem se atualizar seriam dados os incentivos fiscais, oriundos do imposto de renda - os chamados artigos 1834.
"Foi então quando nós fizemos um projeto grande e para se ter uma idéia a Sudene analisou e nos deu prioridade. O primeiro projeto da indústria têxtil aprovado do Nordeste foi o da Fitema. Com esse projeto nós recebemos um telefonema da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul querendo participar do empreendimento, participando dos incentivos fiscais, ou seja, eles tinham o imposto de renda, subscreviam ações da Fitema, sem direito a voto. Esta era a nossa grande vantagem da época. Eram chamadas ações preferenciais", conta Enéas Negreiros, que mesmo com mais de 90 anos mantém lucidez e conhecimentos invejáveis.
Enéas conta que depois de conseguir recursos no Rio Grande do Sul, que ultrapassaram o que a Sudene havia oferecido, a Sudene ficou entusiasmada e na época o presidente, João Gonçalvez de Souza, veio pessoalmente a Mossoró exigindo que se fizesse um projeto grande, o maior projeto do RN e o mais sofisticado do Nordeste. O grupo do Rio Grande do Sul também veio e afirmou que havia um grupo íbero-japonês interessado no projeto e que entrariam com toda a maquinaria e dinheiro para montar a maior empresa do Nordeste. O projeto era de que a Fitema fosse composta 50 mil fusos, quando ela só tinha apenas 3 mil fusos e passaria de 200 operários para 3 mil.
Foi quando Enéas se recorda da grande dificuldade que culminou com o declínio da Fitema. O governo do Estado, através do Banco de Desenvolvimento do RN, queria participar do empreendimento com direito a voto. A Fitema não precisava de dinheiro e não tinha interesse da participação do governo, que continuou insistindo e pressionando.
"Eu, que era o maior acionário, fui muito pressionado pelo governo que por sua vez através do BDRN não liberaria os recursos da Sudene e nessa época o banco poderia fazê-lo porque era quem prestava as orientações e repassava os valores que a Sudene liberava quando era necessário. A fábrica não teria o funcionamento autorizado. Fomos ao governo do Estado tentar negociar, mas não houve jeito, aconteceu o que aconteceu. Tive de entregar as ações ao BDRN, tão pressionado que fui, para não fechar a fábrica e em 1970 eles entregaram a Fitema à administração de uns ‘aventureiros’, que venderam toda a maquinaria que a fábrica tinha. Não pagaram os operários e diziam que o dinheiro da venda na época era para comprar um jornal e instalar em Mossoró", afirma Enéas, referindo-se ao jornal Gazeta do Oeste, de propriedade do jornalista Canindé Queiroz.
FONTE – O MOSOSROENSE

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